Por Contra Mundum,
Desde Oakeshott que sabemos que o conservadorismo é mais uma predisposição que uma ideologia. Segundo a célebre formulação, “to be conservative is to prefer the familiar to the unknown, to prefer the tried to the untried, fact to mystery, the actual to the possible, the limited to the unbounded, the near to the distant, the sufficient to the superabundant, the convenient to the perfect, present laughter to utopian bliss.” O valor fundamental do conservador é a ordem espontânea presente. E, se o obrigarem à maçada de ter valores políticos, eles serão, naturalmente, a liberdade individual e o governo limitado. A política é sempre uma actividade presunçosa, uma intromissão na vida dos outros e uma provocação feita aos arranjos vigentes. Por isso, o conservadorismo não só não é uma ideologia como, em boa verdade, é uma psicologia - apolítica ou mesmo anti-política - de quem não gosta de mandar.
Quem acha que não há inferno pior do que ser mandado por um conservador, não imagina a angústia de um conservador incumbido de mandar seja no que for. Logo ele, que só vê o dirigismo como fonte de balbúrdia e desvairamento.
O problema é que um conservador só viveria descansado se todas as pessoas fossem como ele. Não o sendo, fica sujeito ao pior cenário possível: a ser mandado por um dirigista com predilecção por rupturas e conflitos, sem que, na sua afeição à regularidade das coisas, consiga sair do remanso abstraído e desafiar a autoridade. A paz podre é muitas vezes a vida de um conservador.
Segundo a biografia de Richard Davenport-Hines, W.H. Auden cresceu sob a influência de um pai que cumpria este perfil trágico:
“‘He was the gentlest and most unselfish man I have ever met - too gentle, I used sometimes to think, for a husband he was often henpecked’, Wystan Auden wrote of his father. On a visit home in 1929 he noted a trivial incident involving his father. ‘My father went to buy stamps. They give him halfpenny ones, and he takes them as he doesn’t want to trouble the girl to change them’. This very diffidence typified Dr. Auden’s non-professional dealings with the outside world. He disliked fuss or trouble, yet had married someone who seemed to excite them”.
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